Com o crescimento e a estabilização da economia, conseqüência da paridade real dólar e do controle da inflação, muitas pessoas puderam migrar das classes D e E, aumentando seu potencial de consumo e formando a nova classe média atual, que já representa 53% da população brasileira.
Somente no ano de 2010, ocorreu a migração de 19 milhões de brasileiros para a nova classe emergente, que soma agora, em 2011, o total de 101 milhões de pessoas, segundo a Ipsos Public Affairs.
Essa nova classe é composta, em sua maior parte, por moradores de bairros periféricos, que consomem hoje além do básico que era permitido até pouco tempo. Possuem carros, banda larga e smartphones, freqüentam faculdades, investem na aparência e, com o apoio dos créditos oferecidos por lojas e administradoras de cartões, estão cada vez mais ávidos pelo consumo — o que faz da classe C ser a mais cobiçada pelo mercado atualmente.
Não somente as zonas periféricas, mas regiões metropolitanas brasileiras e a região Nordeste, segundo a revista Época Negócios (Nov. de 2009), também são apontadas como “lar” da classe C. Essas regiões são vistas como potencial para o mercado alavancar suas táticas de consumo.
A classe emergente gosta do bairro onde mora, conhece os vizinhos e gostam de ajudar uns aos outros. Os comerciantes das comunidades formam créditos “informais” que, se respeitados, garantem a confiança entre o cliente e o dono do estabelecimento. Quando não recorrem às escolinhas particulares infantis por questão de distância e logística, as mães pagam as próprias vizinhas para cuidarem de seus filhos. A creche é a opção mais adequada para essas mães, entretanto, não há vagas o suficiente para comportar a demanda.
As mulheres possuem cada vez menos filhos e mais acesso à educação e imersão no mercado de trabalho. Dividindo-se entre o trabalho, a faculdade e as tarefas domésticas, a forma de consumir produtos alimentícios para essas mulheres mudou: adotaram produtos práticos como massas instantâneas, pratos congelados, achocolatados e leite em Tetra Pak.
Os produtos no carrinho de compras tornam-se mais variados e em maior quantidade. As casas possuem a dispensa farta. A qualidade toma agora o espaço que antes era reservado para o preço, pois o erro na escolha de um produto pode comprometer tanto o custo-benefício quanto a satisfação do desejo/necessidade e, em segundo plano, o ego do consumidor. A compra de um produto de alto valor financeiro requer uma reunião entre os membros da família para avaliar o orçamento. Descontos e parcelas são bem-vindos, pois o consumidor da classe C está sempre disposto a pechinchar e não tem vergonha disso.
Entre o rol de produtos e serviços consumidos pela classe C, destacam-se cosméticos e vestuário, celulares com várias funcionalidades, cartões de crédito, salões de beleza e eletrônicos como computadores, DVDs e TVs Slim.
Segundo Célia Russo, diretora do grupo Troiano de Branding, “Os consumidores da classe C tem um jeito próprio de encarar a vida e de consumir. Falar e vender para eles exige conhecimento desses códigos”.
Cases
Editora Abril lança revista para a mulher emergente
A Editora Abril entrou com um investimento de R$ 10 milhões para o lançamento da Revista Máxima, que foca a mulher que entrou para a nova classe há pouco tempo. A Revista está presente em dois mil municípios brasileiros.
A Editora percebeu o mercado amplo que essas mulheres emergentes representam e criaram um produto que se adequasse ao seu estilo de vida, conquistas e forma de se comunicar. A Revista Máxima se comunica com a mulher que evoluiu socialmente, que busca consumir qualidade e bem-estar dentro das suas expectativas financeiras e está em ascensão no mercado de trabalho — daí o slogan Com você em cada conquista.
“A mulher nordestina que vive em São Paulo, pertencente à classe D, visita a família a cada cinco anos. Na classe C ela passa a ter conta bancária, pode parcelar as compras e visitar os parentes com pacote turístico. A revista tem o conteúdo voltado para estas novas conquistas da mulher”, exemplifica Demétrius Paparounis, Publisher da Revista Máxima.
Construtoras expandem seu mercado para nova classe média
Visando o público em expansão que se tornou a classe C, construtoras como Rossi, Living e Trisul apostam em projetos que estão fora das grandes capitais do país.
Segundo a IPC Maps, 25,9% dos custos do consumidor brasileiro incluem, entre outras despesas, gastos com reformas e parcelas de financiamento da casa própria.
O Residencial Villa Flora, por exemplo, foi elaborado pela Rossi em Sumaré, interior de São Paulo. Atentando-se aos vínculos familiares e amizades que a classe C preserva, o projeto foi pensado para atender à socialização dos moradores. As parcelas das residências mais caras, com suíte e três quartos, estão entre R$ 700,00 e R$ 800,00.
A Rossi lançou o mesmo projeto residencial em Hortolândia, Votorantim e agora planeja levá-lo para outros estados.
Estudo feito por: Gabriela Silva
Estudo feito por: Gabriela Silva
Fontes
Revista
Época Negócios – A Classe Média que você precisa conhecer – por Marcos Todeschini e Alexa Salomão – pg. 124 a 155. Ed. Globo, Nov. 2009, Ano 3, n°33.
Consumidor Moderno – A evolução do consumidor: 15 anos de transformações e o que ainda vem por aí – por Tatiana Alcalde e Roberta Salles – pg. 68 a 76. Ed. Grupo Padrão, Mar. 2010, Ano 15, n° 145.
Internet
G1 Globo.com – acessado em 03 de maio de 2011.
Cases de Sucesso – acessado em 04 de maio de 2011.
Urban Systems – acessado em 04 de maio de 2011.
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